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Como uma estrada pode mudar uma vida na Mata Norte do estado

Severina Cícero Francelino vive no bairro de Flexeiras, em Goiana, há 48 anos dos seus 53 já vividos. Da janela da casinha de parede verde construída pelo seu pai, com dois quartos, sala, cozinha, um banheiro e um pequeno quintal, ela viu com seus próprios olhos o local crescer e se desenvolver. Algo que parece simples no cotidiano da maioria das pessoas foi fator determinante na transformação. Faz apenas pouco mais de um ano que a dona de casa, junto com seu filho, uma nora e dois netos, que dividem o imóvel com ela, vivenciam a realidade de morar em uma rua pavimentada. “Antes, a gente descia do transporte na rodovia e vinha caminhando. Agora os motoristas deixam a gente na porta de casa e, assim, ficamos até mais seguros. Melhorou muito”, conta.

Foto: Rafael Martins/DP
Foto: Rafael Martins/DP

Os benefícios de viver em um local mais desenvolvido vão além. Faz pouco mais de uma semana que a dona de casa precisou acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O irmão estava passando mal e necessitava ser socorrido para o hospital do município. Apesar da pouca distância, de apenas 250m da sede do Samu, na Rua Engenho Massaranduba, os moradores da região não eram acostumados com o rápido atendimento que garantiu a chegada dele no hospital. A diferença está no chão. A pavimentação facilitou todo tipo de socorro. Dona Severina já foi testemunha de vários e agora comprovou com a própria experiência. “Eu estava muito nervosa, chorando muito, mas logo a ambulância chegou e o atendimento foi rápido e bom. Se não tivessem asfaltado a pista, meu irmão teria morrido em casa mesmo”, ressalta.

A base do Samu, que fica às margens da rodovia, foi o fator que impulsionou a obra na localidade no bairro de Flexeiras. O acesso à unidade foi aberto e asfaltado. O projeto de terraplanagem, pavimentação e drenagem da rua e do entorno recebeu investimento do Governo do Estado, por meio do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM), na ordem de R$ 579 mil. “Depois que pavimentaram, melhorou também em termos de comércio. Agora temos tudo por perto, mercadinho e lojas”;, afirma a dona de casa, sobre o impacto direto de intervenções do tipo na vida deles.

A rodovia PE-075 foi uma das vias de acesso que passou por obras de restauração. Foto: Divulgação
A rodovia PE-075 foi uma das vias de acesso que passou por obras de restauração. Foto: Divulgação

As requalificações que viraram quase lugar comum a um grande raio do centro de Goiana teve como epicentro a chegada do complexo da fábrica da Jeep e todo o ecossistema que o envolve, fazendo parte do impulso de desenvolvimento para que a área corresponda ao tamanho do investimento privado na região. Com o movimento de trabalhadores e movimentos sempre incrementado, a mobilidade passou a ser uma das pautas prioritárias na área, que vão muito além de projetos massivos como o do Arco Metropolitano, que liga e costura as vias de comunicação de toda a Região Metropolitana à capital, Recife, sendo necessário pensar no exercício do direito de ir e vir entre cidades da própria Mata Norte.

O acesso às cidades vizinhas de Goiana, que receberam também produtores da cadeia ou servem de dormitório para trabalhadores da mesma, passou por melhorias, como as PE-075 e PE-062, que ligam Goiana a cidades como Itambé, Aliança e Ibiranga, na divisa com a Paraíba. Ao todo, as obras estruturadoras ligadas à mobilidade somam mais de R$ 100 milhões, em um total de 10 municípios da Mata Norte, incluindo ligações entre outras cidades não necessariamente tangentes à Goiana, a exemplo da PE-004, de Itaquitinga a Condado, também restaurada.

Além dos benefícios de mobilidade, a dona de casa garante que, depois da obra, o bairro onde vive ficou mais valorizado. Foto: Rafael Martins/DP
Além dos benefícios de mobilidade, a dona de casa garante que, depois da obra, o bairro onde vive ficou mais valorizado. Foto: Rafael Martins/DP

Para Severina Cícero Francelino e tantos outros moradores da Zona da Mata Norte, o resultado de uma melhoria na mobilidade não diz respeito apenas ao deslocamento ou à qualidade de vida no cotidiano. Ela tem consciência que, em pouco tempo, a região já está bem mais valorizada. “Antes eu nunca tinha recebido nenhuma proposta, mas agora já vieram me oferecer dinheiro para comprar a minha casa”, afirma. No entanto, a dona de casa não pensa em deixar para trás o local que viveu basicamente sua vida toda. “Eu gosto muito de morar por aqui”, conclui, com um sorriso no rosto.

*Diário de Pernambuco

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