Festival de Circo do Brasil traz companhias internacionais

Isabelle Barros– Diario de PE/Viver

O Festival de Circo do Brasil completa dez anos com a ideia de trazer para Recife e cidades vizinhas o universo da arte circense. De 31 de outubro a 9 de novembro, teatros e ruas da capital pernambucana vão ser ocupada por artistas do segmento que têm como objetivo investigar e experimentar essa linguagem artística milenar. Pela primeira vez, o evento homenageia uma personalidade e o escolhido foi Antônio Carlos Nóbrega. Disso também surgiu o tema do festival, batizado de Somos Todos Brincantes, em referência ao trabalho do artista no Espaço Brincante, em São Paulo, onde está radicado há mais de 20 anos. A abertura, no entanto, fica com o grupo francês Les Rois Vagabonds, com o espetáculoConcerto pour deux clowns, no Teatro de Santa Isabel.

Três dias do festival serão reservados para mostrar as criações do multiartista pernambucano. No sábado (1º), às 20h, no Teatro Luiz Mendonça, Nóbrega encenará o espetáculo Tonheta e companhia, que une música, dança, teatro e circo a partir do personagem homônimo. São cenas entremeadas com passagens que marcaram presença ao longo da carreira do brincante. O dia também marca a abertura da exposição Brincante, na Galeria Janete Costa, localizada no Parque Dona Lindu, com objetos e fotografias. No domingo, o Parque Dona Lindu também recebe um show do artista, com sete instrumentistas e um repertório que passeia por algumas das músicas que marcaram a trajetória dele. Na segunda-feira, é a vez da pré-estreia do filme Brincante, dirigido por Walter Carvalho, que terá duas sessões na Fundação Joaquim Nabuco, às 19h20 e às 21h.

Além do reconhecimento ao trabalho de Nóbrega, o Festival de Circo do Brasil apresenta, este ano, uma característica que o diferencia dos anos anteriores. Segundo a curadora do evento, Danielle Hoover, isso aconteceu por dois fatores. “Este ano, a maioria das inscrições foram de espetáculos circenses para teatro, em vez de apresentações de rua. Além disso, não conseguimos captar todos os recursos necessários para a realização do festival, então vamos depender mais da bilheteria para fechar as contas”. O orçamento inicial era de R$ 1,2 milhão e, até agora, foram arrecadados cerca de R$ 470 mil. O valor pode aumentar, caso a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) libere recursos do Funcultura para o evento.

Apesar do aperto financeiro, o festival mantém atrações internacionais em sua grade, especialmente as ligadas ao novo circo francês, que revisitam elementos do circo tradicional para transformá-lo. A abertura traz o duo Les Rois Vagabonds, cuja tradução literal do espetáculo a se apresentar no Teatro de Santa Isabel é Concerto para dois palhaços. A companhia 220 Vols, também francesa, por sua vez, traz Larsen, apresentação que mistura show de rock com números contemporâneos. Gardi Hutter, da Suíça, uma das maiores palhaças do mundo, é mais uma atração do evento, a se apresentar na quarta (05) e na quinta (06), no Teatro Luiz Mendonça.

A espanhola Patricia Pardo é mais um dos destaques, com Comissure, que trava debate ético sobre a condição da mulher. A apresentação, no entanto, contém nudez e é vetada a menores de 18 anos. “A programação pode até parecer meio confusa, porque os espetáculos têm propostas muito variadas para idades distintas. Há atrações para todas as idades e somente para adultos, para desmistificar a ideia de levar o circo apenas a crianças”, explica Danielle. Artistas belgas e argentinos completam a programação internacional.

Já as atrações nacionais se pautam pela diversidade, seja com o grupo Parlapatões, que trazem Clássicos do circo para comemorar seus 20 anos de atuação, quanto pelo Circo Tholl, do Rio Grande do Sul, com o megaespetáculo Exotic, no Teatro Guararapes. A ocupação de espaços públicos, já tradicional no evento, se concentra no Parque Dona Lindu e no Bairro do Recife, onde acontecem apresentações da Cia. Base, que apresenta o espetáculo Futebol voador em balões. Entre os espetáculos locais, estão Tapioca, de Bóris Trindade Júnior, e O Circo de Lampezão e Maria Botina, da Caravana Tapioca. Já o artista circense Zezo Oliveira traz um processo de criação de espetáculo que alia o circo à memória da ditadura militar, intitulado Memórias de dor em tempo de liberdade.

Confira a programação completa (sujeita a alterações):

SEXTA (31/10) – ABERTURA

TEATRO DE SANTA ISABEL
21h – Les Rois Vagabonds (FRA) – Concerto pour deux clowns

SÁBADO (1/11)

PARQUE DONA LINDU
15h às 18h – Vivências circenses
16h30 – Circo Vox (SP) / Se chove não molha
16h30 – Caravana Tapioca (PE) / Lampezão e Maria Botina
17h – Artetude (DF)
18h – Cia Base (SP) / Futebol voador
18h30 – Circo Vox (SP) / Curta a temporada
19h – Psirc (Esp) / Acrometría

TEATRO LUIZ MENDONÇA
20h – Tonheta e Companhia

TEATRO DE SANTA ISABEL
18h – Les Rois Vagabonds (Fra) / Concerto pour deux clowns
21h – 220 Vols / Larsen

TEATRO APOLO
10h – Adriano Conde (ESP) / Piccolo Camerino

TEATRO GUARARAPES
16h – Tholl / Exotic

DOMINGO (2/11)

PARQUE DONA LINDU
15h às 18h – Vivências circenses
16h – Circo Vox (SP) / Se chove não molha
16h30 – Adrian Conde (Esp) / Piccolo Camerino
17h30 – Psirc (Esp) / Acrometría
18h30 – Show de Antonio Nóbrega (PE)

TEATRO DE SANTA ISABEL
18h – Les Rois Vagabonds (Fra) / Concerto pour deux clowns
21h – 220 Vols / Larsen

TEATRO APOLO
10h – Adriano Conde (ESP) / Piccolo Camerino

AVENIDA RIO BRANCO / BAIRRO DO RECIFE
16h – Cia Base (SP) / Futebol voador
16h30 – Artetude (DF)

Teatro Guararapes
16h – Tholl / Exotic

SEGUNDA-FEIRA (3/11)

19h20 e 21h – Pré-estreia do filme Brincante

QUARTA-FEIRA (5/11)

TEATRO LUIZ MENDONÇA
20h – Gardi Hutter (SUI) / Joana D’Arppo

TEATRO HERMILO BORBA FILHO
9h às 13h – Work in Progress com Albin Warette (FRA)

QUINTA-FEIRA (6/11)

TEATRO LUIZ MENDONÇA
20h – Gardi Hutter (SUI) /Joana D’Arppo

TEATRO HERMILO
9h às 13h – Work in Progress com Albin Warette (FRA)