Destaques Economia Últimas Notícias

MATA NORTE// Uva divide espaço com cana-de-açúcar em Pernambuco

Em Pernambuco, não é somente no Vale do São Francisco, no Sertão, que se cultivam uvas e se fabricam vinhos. Os municípios de São Vicente Ferrer, no Agreste, Macaparana, Timbaúba, Vicência e Vitória de Santo Antão, nas matas Norte e Sul, também são produtores de uvas e seus derivados, como vinhos.
São Vicente Ferrer é responsável por 90% da área plantada com videira na região, seguido por Macaparana com aproximadamente 5%. Segundo técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), a variedade plantada, conhecida pelo nome de Isabel (homenagem à princesa brasileira de mesmo nome), é rústica e foi adaptada às condições climáticas e de relevo acidentado da região.
A uva produzida nas duas regiões tem características peculiares influenciadas pelas condições locais e pela interferência dos viticultores que se utilizam de um sistema familiar. O cultivo é desenvolvido em pequenas propriedades rurais de 0,5 a 12 hectares, o que favorece a produção e qualidade da uva. De acordo com os produtores, graças ao sol e ao clima ameno, eles conseguem duas safras por ano, e fazem uma média anual de 50 toneladas. Técnicos da Embrapa explicam que essa produção é pequena, se comparada à do Vale do São Francisco, que passa de 200 mil toneladas.
São Vicente Ferrer (a 110 km do Recife) é o município que mais vem se destacando nesse tipo de cultivo. A produção da banana com 4,5 mil hectares de plantação ainda é a sua principal atividade econômica. Mas, aos poucos, as videiras estão ganhando cada vez mais espaço nas áreas rurais do município. Técnicos explicam que, apesar de estar localizado em um brejo de altitude no Agreste do Estado, São Vicente Ferrer possui características bastante semelhantes às da Zona da Mata.
As paisagens dessas regiões, marcadas por bananais e canaviais, estão dando vez aos parreirais. Pesquisadores da Embrapa afirmam que a variedade da uva produzida nos municípios do Agreste e da Mata Norte ainda ocupam pequenas áreas, quando brotam são de cor verde; maduras, ficam de cor violeta. A fruta é doce e muito apreciada por consumidores do Estado e até de outras partes do Nordeste. Mesmo com agricultura familiar, a produção emprega aproximadamente 2,5 mil pessoas.
Apesar de pequena, a produção tem sido de grande importância para a economia local. Além do apoio da Embrapa, os agricultores contam com a assistência técnica do Instituto Agronômico de Pernambuco (Ipa) para conseguirem melhor rendimento da área cultivada. Os plantadores são auxiliados no preparo do solo, na adubação, em como fazer a poda e com os defensivos agrícolas, entre outros cuidados diários. Esse crescimento considerável no cultivo de uva também avança nos municípios da Mata Norte, em áreas que fazem divisa com o Agreste, e têm 600 hectares de áreas plantadas com o cultivo da Isabel para consumo da fruta, de sucos e vinhos. A cada ano a produção familiar vem aumentando por conta do trabalho da Embrapa e do Ipa, que utilizam a tecnologia de conservação do solo, ordenamento da pulverização e manejo da videira. Os produtores do novo polo da vinicultura pernambucana consideram que “para regiões marcadas pelo monopólio da cana-de-açúcar isto representa um avanço significativo para a economia e o desenvolvimento do interior do Estado”.

*Matéria publicada na edição de Agosto do Jornal Voz do Planalto

Deixe um comentário