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Mulher sofre fratura em osso da coluna durante parto normal em hospital público, denuncia família

Parentes de uma paciente do Hospital da Mulher do Recife, na Zona Oeste, denunciaram à Ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde que ela teve um osso da coluna quebrado durante um parto normal. O protocolo com as informações foi gerado pela unidade na quarta-feira (28). Diante da denúncia, o hospital disse que “não é possível relacionar o quadro ao parto”. (Veja vídeo acima)

Marido da dona de casa Karine Barbosa de Souza, de 26 anos, o jornalista Jameson Ramos informou que está com um laudo de uma ressonância magnética, feita na mesma unidade, que atesta o problema. O exame, segundo ele aponta que houve “violência obstétrica”.

O exame realizado na terça-feira (27) atesta que houve uma “fratura oblíqua no aspecto superior da asa sacral esquerda, associado a um extenso edema da medula óssea adjacente”. O sacro fica localizado na base da coluna vertebral.

Assinado pela médica Milena de Oliveira Almeida, o laudo nº 117 534, informa também que ocorreram “sinais de sacroileíte bilateral, mais evidente à direita”.

Jameson Ramos disse ao G1, por telefone, que Karine deu à luz no dia 8 de agosto, durante um parto normal. Segundo o marido da paciente, desde então, a dona de casa passou por novos tratamentos em hospitais diferentes.

Jameson reclamou, ainda, da demora para o diagnóstico da fratura, que ocorreu na terça-feira (27), 19 dias depois do parto. Ele diz que, depois de dar à luz no dia 8, a mulher recebeu alta no dia 12, sem ser examinada por causa das dores.

A bebê, que ganhou o nome de Yohana Thiê, passa bem, de acordo com o pai. Ele informou que ela não teve sequelas causadas pelo problema enfrentando pela mãe. Em vídeo enviado pela família ao G1, Karine falou sobre o trauma e disse que a experiência fez com que ela não queira mais ter filhos.

“Achei que o parto normal ia ser o melhor que eu ia ter, porque já basta a violência obstétrica que eu sofri numa cesariana [no parto do primeiro filho]. Já não quero mais ter filhos e entrar em maternidades nunca mais. Porque eu não confio em nenhuma maternidade. A que eu mais confiei e recomendei tanto foi a que mais me ferrou”, diz Karine.

Nesta quinta-feira (29), Karine retornou do Hospital Otávio de Freitas (HOF), no Sancho, na Zona Oeste do Recife, para o Hospital da Mulher, onde aguarda liberação para voltar para casa, em Água Fria, na Zona Norte. “Ela está bem, mas precisará ficar um mês e meio sem se movimentar. Também deverá se submeter a acompanhamento médico semanal”, declarou Jameson.

O marido da paciente lembrou que tudo começou durante o parto normal, que ocorreu depois de um dia inteiro de tentativas. “Teve um momento em que a médica mandou eu segurar uma das pernas e ela segurava a outra, enquanto Karine puxava um pano, que deram para ela segurar quando tivesse contrações”, contou.

Jameson disse também que a mulher passou um tempo puxando esse pano e que, depois disso, começou a sentir fortes dores na coluna.

“Em um determinado momento, os médicos fizeram um exame e detectaram que os batimentos cardíacos do bebê estavam diminuindo e mandaram Karine para o bloco cirúrgico. Nessa hora, ela já estava se queixando de dores na coluna. Ela deu à luz cerca de dez minutos depois disso”, acrescentou.

Ainda segundo o marido, depois de se queixar de muitas dores na coluna, Karine foi encaminhada para o Hospital da Restauração (HR), no Derby, na área central do Recife, no dia seguinte. Dessa unidade, ela foi transferida para o Hospital Otávio de Freitas, para ser avaliada por especialistas.

No local, ela foi informada que não precisaria passar por uma cirurgia, mas que necessitava, além da ressonância magnética, de um exame de tomografia. Para isso, precisaria retornar ao Hospital da Mulher.

Karine passou a noite na unidade hospitalar municipal e, na manhã desta quinta-feira (29), retornou ao HOF, onde os médicos constataram que, de fato, ela não precisará ser operada.

“Ela está sem ver a nossa filha há alguns dias e nós vamos tomar providências. Entramos em contato com uma advogada para acionar a prefeitura e os profissionais que atuaram no parto”, disse.

Resposta

Por meio de nota, o Hospital da Mulher do Recife (HMR) informou que está avaliando o caso com a Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife. “Até o momento, não é possível relacionar o quadro clínico da paciente com o parto”, aponta o texto enviado pela prefeitura.

Segundo o hospital, o parto natural ocorreu sem intercorrências, no dia 8. “Ela teve alta do HMR no dia 12, por ter sido avaliada com boas condições clínicas”, informou a nota.

“A usuária foi reinternada nessa terça-feira (27), está recebendo todo atendimento médico necessário e realizando exames para fechamento do diagnóstico e para verificar se existe algum fator pré-existente que justifique o quadro.”, acrescentou a nota.

*G1 Pernambuco

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