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Paulo Câmara lança Plano de Enfrentamento às Arboviroses

Desde 1987, Pernambuco vem notificando casos de dengue. Nesse período, as principais epidemias ocorreram nos anos de 1997, 1998, 2002, 2015 e 2016. Em 2015, o diferencial da epidemia foi a circulação dos quatro sorotipos da doença e a confirmação dos primeiros casos autóctones de chikungunya e zika. Esse último vírus é responsável, desde o ano passado, pela mudança no padrão e aumento dos casos de microcefalia.

Para continuar combatendo essas enfermidades, o Governador Paulo Câmara e o secretário estadual de Saúde, Iran Costa, lançaram, na manhã desta terça-feira (06), durante o Seminário Novos Gestores, promovido pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), no Hotel Canariu’s de Gravatá, o Plano Estadual de Enfrentamento das Doenças Transmitidas pelo Aedes. As ações envolvem o combate ao mosquito, compra de equipamentos e mobilização social.

Entre as novidades do Plano, está o ambulatório para pacientes de chikungunya, que já está funcionando no Hospital Getúlio Vargas (HGV), e a descentralização dos exames para confirmação da febre chikungunya para todas as 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres). Além disso, será estruturada a vigilância epidemiológica da febre amarela silvestre, que também é transmitida pelo Aedes aegypti.

Durante o evento, o governador Paulo Câmara também assinou a renovação do decreto de situação de emergência devido à infestação do Aedes aegypti por 180 dias. A medida, que está em vigor desde o dia 1º de dezembro de 2015, busca agilizar e desburocratizar processos e manter a mobilização contra o mosquito em todo o Estado.

“No final de 2015, começamos a vivenciar um dos maiores problemas da saúde pública da nossa história recente, com a mudança do padrão dos casos de microcefalia. Com a confirmação científica desses casos com o vírus da zika, que é transmitido pelo Aedes aegypti, fizemos um grande trabalho de conscientização pública e de apoio aos municípios para combater o mosquito e atender todo o público, principalmente as gestantes com exantema e as crianças nascidas com a malformação. Agora, precisamos dar continuidade a esse trabalho e chamar a atenção de todos os pernambucanos para não descuidar na prevenção. Só vamos conseguir diminuir os casos se diminuirmos a proliferação do mosquito”, afirma o secretário estadual de Saúde, Iran Costa.

AMBULATÓRIO – O Hospital Getúlio Vagas (HGV) está atendendo os pacientes com dores articulares crônicas provocadas pela febre chikungunya. O Ambulatório de Acometimento articular da Chikungunya conta com dois reumatologistas para o atendimento a pacientes com mais de 15 dias de dor articular após o início dos sintomas (fase subaguda e/ou crônica). Durante o acompanhamento, é possível o tratamento com imunossupressores nos casos refratários e o diagnóstico diferencial com outras doenças reumatológicas, além do diagnóstico sorológico disponível na unidade e fisioterapia motora quando indicados.

Cerca de 180 pessoas já estão sendo acompanhadas no ambulatório do HGV. Além desse serviço, Pernambuco oferta o atendimento de reumatologia nas Unidades Pernambucanas de Atenção Especializada (UPAEs) de Caruaru, Garanhuns, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada, que também dispõem de fisioterapia motora. Os hospitais das Clínicas (HC) e Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) também ofertam a especialidade de reumatologia. A marcação é feita pelos municípios de residência do usuário juntamente com a Regulação Ambulatorial do Estado.

“Muitos pacientes apresentam queixas de dores articulares por meses após os primeiros sintomas da chikungunya. Após três meses, consideramos que esse é um quadro crônico e o acompanhamento específico permite melhor recuperação e retorno às suas atividades de rotina, além de reduzir possíveis sequelas”, diz o secretário Iran Costa.

EXAMES – Pernambuco já tem descentralizado para todas as 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres) a sorologia para confirmação dos casos de dengue. A partir de 2017, todas as Geres também farão a sorologia para chikungunya, ampliando a capacidade do Estado. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PE), no Recife, ainda faz o exame de PCR para confirmação de dengue, chikungunya e zika.

“Com a descentralização dos exames de chikungunya, vamos ampliar nossa capacidade para realização dos testes e, consequentemente, diminuir o tempo de espera pelos resultados”, afirma a gerente do Programa de Controle das Arboviroses, Claudenice Pontes. Ela ainda lembra que a sorologia para os casos de zika estão sendo realizadas pelo Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM – Fiocruz PE).

VIGILÂNCIA – A SES já começou a encaminhar para os municípios bombas costais, material de campo e equipamentos de proteção individual (EPIs) para o trabalho dos agentes de campo. Também serão encaminhadas 60 mil capas para vedação de recipientes para armazenamento de água.

Além de fazer o monitoramento dos municípios, é de responsabilidade do Estado, em caso de surto epidêmico, a realização do bloqueio de transmissão com a aplicação de inseticida por meio da nebulização espacial a frio (tratamento a UBV), utilizando equipamentos portáteis ou pesados. Em 2016, 33 municípios precisaram da ação.

CAPACITAÇÃO – Ainda em 2016, o Programa de Controle das Arboviroses irá capacitar 530 profissionais das unidades de alta complexidade e 75 profissionais das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para padronizar o manejo clínico dos pacientes vítimas das arboviroses. Em 2017, a expectativa é capacitar os profissionais das redes municipais de todo o Estado, além dos coordenadores de arboviroses dos 184 municípios pernambucanos e de Fernando de Noronha, que irão repassar as informações para os agentes comunitários de saúde (ACSs), e os superviroses das Geres.

ASSISTÊNCIA – Sentindo algum dos sintomas das arboviroses, a indicação da SES para o público é procurar imediatamente o posto de saúde ou serviço de urgência mais próximo de casa. Recomenda-se repouso, tomar muito líquido e não ingerir medicamentos sem acompanhamento médico No caso da dengue, notando algum dos sinais de alarme, como vômito persistente e dor abdominal intensa, a indicação é ir até uma UPA ou hospital regional.

Os casos de dengue que apresentam sinais de choque serão referenciados pelos serviços de saúde para os hospitais Agamenon Magalhães, Miguel Arraes, Dom Helder, Otávio de Freitas, Barão de Lucena, Getúlio Vargas, Mestre Vitalino, das Clínicas; e os Regionais de Palmares, Garanhuns, Ouricuri e Arcoverde.

Em 2016, as unidades da rede estadual foram reforçadas com a maior convocação de profissionais de saúde dos últimos 20 anos em Pernambuco. Ao todo, foram mais de 3,3 mil profissionais de diversas áreas. Os chamamentos contemplaram mais de 300 médicos e mais de 3 mil profissionais de diversas áreas da saúde.

“A partir dos primeiros sintomas de qualquer uma das arboviroses, a indicação é que o público procure um posto de saúde ou serviço de urgência para que seja atendido por um médico e para ter a estabilização do seu quadro clínico. Esse atendimento é essencial para evitar o agravamento dos casos e os óbitos”, afirma a secretária executiva de Atenção à Saúde da SES, Cristina Mota.

A SES ainda reforça a importância das gestantes que apresentarem exantema procurarem os serviços de saúde para que os casos sejam tratados e acompanhados.

MOBILIZAÇÃO SOCIAL – A partir de 2017, o Governo do Estado colocará nas ruas uma nova campanha de mídia para conscientizar o público sobre as doenças que o Aedes transmite e quais os seus sintomas, com material de papelaria e mídia externa.

Também será dada continuidade ao trabalho dos 12 Comitês Regionais de Mobilização para Enfrentamento da Dengue, da Febre Chikungunya e da Zika, além do comitê central, com reuniões periódicas para avaliar a situação das doenças e os planos de atuação. “Vamos continuar incentivando os nossos parceiros a promoverem ações com seu público. Esse engajamento de diversos setores da nossa sociedade é indispensável para que possamos enfrentar e diminuir os casos das doenças”, pontua o secretário Iran Costa.

MICROCEFALIA – O Governo de Pernambuco tem concentrado todos os esforços possíveis no enfrentamento deste novo capítulo que o Brasil está escrevendo na saúde pública. O Estado foi o primeiro a notificar e acompanhar os casos de microcefalia, com transparência e responsabilidade. Também foi pioneiro na criação de um protocolo de atendimento, que se tornou modelo para outros estados e países, sem contar que aumentou de duas para 27 unidades de atendimento às crianças com microcefalia, descentralizando a assistência.

Para se ter uma ideia, em outubro do ano passado, uma criança precisava percorrer, em média, 420 quilômetros para ter um atendimento para microcefalia. Atualmente, essa distância foi reduzida para menos de 50 quilômetros de distância.

A Secretaria Estadual de Saúde também criou o Núcleo de Apoio às Famílias com Microcefalia, responsável por monitorar e acompanhar, de modo regionalizado, as crianças notificadas durante toda a linha do cuidado, além de prestar apoio às famílias e desenvolver estratégias para garantir seus direitos.

O monitoramento dos pacientes envolve todos os casos notificados como suspeitos de microcefalia, mesmo aqueles que já foram descartados. Nestes casos, o acompanhamento deve perdurar por, pelo menos, cinco anos. No caso das crianças que ainda não tiveram diagnóstico fechado, o Núcleo trabalha para agilizar a investigação, seja orientando os familiares sobre o fluxo necessário, ou realizando

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