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Pernambucanos ganham prêmio Brasil Criativo

Bruno Albertim– JC Online

Se não há palco disponível, faça o teatro em casa. Se o Recife não se conhece, costure a cidade por dentro levando turistas e a classe média para as periferias onde a urbe tem outro ritmo. E que tal pensar nos outros, naqueles que são portadores de necessidades, quando estiver discutindo uma boa ideia? Com essas filosofias de ação, quatro projetos pernambucanos foram contemplados, na última quarta, diante de um auditório do Ibirapuera lotado na primeira edição do prêmio Brasil Criativo.

 Os projetos foram: Teatro de Quinta (teatro), Táxi Cultural (cultura populares), ProDeaf Móvel (mídias digitais) e Can Games (games). O prêmio organizado pelo Ministério da Cultura tem o objetivo de reconhecer iniciativas realmente inovadoras na chamada economia criativa, setor responsável por uma receita anual de R$ 104 bilhões. No total, 22 categorias foram premiadas.
Com um ano de atividade, o projeto Teatro de Quinta foi idealizado pela atriz e arte-educadora Márcia Cruz como alternativa às dificuldades de acesso aos palcos, editais e eventos das artes cênica na cidade – este ano, por exemplo, o prefeito Geraldo Júlio suspendou o Festival Recife do Teatro Nacional.
Márcia Cruz, com seu projeto, convoca atores para dar corpo a textos de autores contemporâneos de Pernambuco. Converte literatura em dramaturgia. “Os autores me entregam os textos, só voltam a ver quando está pronto”, diz ela. As montagens acontecem em residências do Recife e Olinda.

“É uma felicidade ganhar esse prêmio. Não apenas por ser o reconhecimento nacional de um trabalho, mas porque dá visibilidade a um contexto específico do Recife, referencia a força das pessoas que se mobilizam por não deixar o teatro morrer”, diz. “A proposta pode ser replicada, e mobilizar não só novos artistas, mas o poder público e as empresas que podem fomentar esse tipo de trabalho”.

O Táxi Cultural surgiu em 2010, quando o produtor cultural Lúcio Mauro Lira, então coordenador do programa federal Pontos de Cultura, quis quebrar o isolamento das periferias. “A ideia é gerar também sustentabilidade, não só visitação turística, mas trocas de saberes com os mestres”, diz Mauro.
Idealizado ainda na faculdade, o aplicativo ProDeaf Móvel facilita a comunicação entre surdos e ouvintes – já teve mais de 300 mil usuários e cerca de 6 milhões de frases traduzidas. “O intuito sempre foi o de incluir socialmente quem não tinha acesso a coisas básicas, como ler e escrever em plataformas móveis, diz Flávio Almeida, um dos responsáveis pelo projeto, que terá nova atualização em janeiro.

“Chegar entre os finalistas já tinha sido uma vitória e sair como vencedor só consolidou o sentimento do quanto valeu à pena ter investido nesse projeto”, diz Eraldo Guerra, da Live Up, responsável pelo software Can Game, que permite aos portadores de autismo mais autonomia em jogos no Kinect e também tem caráter educativo.

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